Milton Blay: “Bolsonaro está próximo de matar 30 mil”
colunistasPolíticaPrólogo 25 de abril de 2020 Milton Blay 0
Jair Bolsonaro, família e apoiadores passaram os limites da psicopatia perversa. É um ódio primitivo que os move, uma infinita sede de vingança, que nem eles sabem por que. Não querem acabar com o comunismo, que já não existe; não têm a menor ideia do que seja o globalismo, personificado no megainvestidor Georges Soros. Aqueles que continuam a apoiar o presidente querem sangue, querem tortura, querem matar e alguns parecem estar até dispostos a morrer em nome do mito, com o qual se identificam. Bolsonaro está a um palmo de realizar o que havia prometido: matar 30 mil. Erramos todos ao qualificar o presidente de ignorante ou louco. Ele e os seus são muito piores, pensam e agem como Hitler. Ainda bem que o Brasil não é a Alemanha dos anos 1935/45, pois se o fosse teríamos, além da pandemia, das crises econômico-social e climática, uma 3° Guerra Mundial. Os Bolsonaristas de hoje pensam e agem como os hitleristas de ontem. Hannah Arendt descreveu o fenômeno em “Totalitarismo e banalidade do mal”.
Ao levar Sergio Moro à demissão, Jair Bolsonaro se isolou ainda mais. Daquele governo de um ano e meio atrás não sobra nada. Os dois nomes que tanto entusiasmaram a direita radical desapareceram: o justiceiro Moro e o Guedes do mercado. O ministro da Justiça partiu. O ministro da Economia acabou e vai-se com o fim do neoliberalismo. Nas circunstâncias atuais, a Escola de Chicago, onde se formou, pode fechar as portas. Só o Estado pode minorar as feridas de uma das da piores crises econômicas da história. No combate à depressão que se anuncia, Keynes bate de 10 a 0 na dupla Hayek-Friedmann.
Consequência: Jair Bolsonaro perde o apoio dos derradeiros empresários que estavam do seu lado. Tirando o velho da Havan não resta praticamente mais ninguém.
A turma da bala já se deu conta de que não será possível armar a população como prometera o capitão-candidato. A bancada do boi e os latifundiários da soja estão possessos com o presidente, que comprou briga com a China, nosso principal cliente. Até o pessoal da Bíblia, os pastores evangélicos estelionatários, se calam. Felizes, só mesmo os extratores e comerciantes ilegais de madeira, que desmatam alegremente a Amazônia diante dos olhos fechados de Brasília e do ministro do meio-ambiente menos ambientalista que o mundo já viu.
E os militares? seriam a boia de salvação de Bolsonaro e seus meninos? para mim é a grande incógnita. O governo é quase todo formado por oficiais da reserva, que gostariam de permanecer nos cargos que ocupam. Em contrapartida, os militares da ativa teriam se distanciado do ex-companheiro, que se manifesta abertamente por uma nova ditadura, pelo fechamento do Congresso, do Supremo Tribunal Federal, a favor de um AI 5 versão 2020.
A questão é saber qual será a atitude das casernas na hora H. Eu não confio cegamente no sentimento legalista das Forças Armadas. Vale a pena lembrar que Humberto de Alencar Castelo Branco, então comandante do Estado Maior do Exército, era considerado um legalista por João Goulart, antes de se tornar um dos líderes do Golpe de Estado e, já como ditador-chefe, abolir os partidos políticos e impor uma nova Constituição.
Resta saber qual será a atitude de Rodrigo Maia, se irá ou não lançar o procedimento de impeachment, pressionado pelo decano do STF, Celso de Mello e pela sociedade. E enfim, como vai se comportar o psicopata perverso Jair Bolsonaro, que, isolado politicamente, parece ser capaz de tudo, da renúncia à Jânio Quadros à tentativa de golpe, passando pela incitação à guerra civil.
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